A recente doação de 180.300 euros (cerca de R$ 1 milhão) feita pelo astro francês Kylian Mbappé a cinco policiais de choque responsáveis pela segurança da seleção francesa se tornou um verdadeiro epicentro de polêmica e investigações em território francês. O número está chamando a atenção do público e das autoridades, que já iniciaram uma investigação para apurar a legitimidade da transferência.
Contexto da doação
Segundo Jean-Baptiste Soufron, advogado do comandante que recebeu a maior parte da doação — 60.300 euros, enquanto os outros quatro policiais ganharam 30 mil euros cada — a contribuição foi legítima e realizada de forma transparente, por meio de cheque, sem necessidade de declaração. O advogado enfatiza que “não faz sentido” tentar estabelecer um vínculo entre essa doação e as atividades posteriores realizadas pelo comandante e Mbappé, que ocorreram em 2023, no contexto de transporte público.
A investigação se intensifica
O caso ganhou notoriedade depois de ser revelado pelo jornal francês Le Canard Enchaîné. Em resposta às acusações, o Ministério Público de Paris confirmou a abertura de uma investigação preliminar para apurar “acusações de trabalho secreto e fraude fiscal”. A denúncia que deu origem às investigações partiu do Tracfin, um serviço de inteligência responsável por monitorar operações financeiras suspeitas no país. Este aviso, datado de julho de 2024, inclui relatos de transações financeiras atípicas que beneficiaram não apenas os cinco policiais, mas também três agentes de segurança privada.
Segundo as investigações, a responsabilidade dos policiais incluía a proteção das equipes francesas durante eventos que vão além dos jogos, chegando a viagens internacionais, um exemplo sendo a viagem de Mbappé ao seu país de origem, Camarões, onde foi acompanhado por um desses policiais.
A defesa de Mbappé
A equipe de Mbappé rapidamente emitiu um comunicado afirmando que “tudo foi feito em conformidade com as regras” e que não houve compensação financeira para esse serviço. Além disso, ressaltaram que o jogador, desde que ingressou na seleção francesa, sempre optou por transferir integralmente os bônus recebidos pela equipe nacional para causas sociais.
Repercussão e reações
A controvérsia sobre a doação não se restringe a Mbappé e seus representantes, mas também lançou uma sombra sobre a credibilidade do sistema de segurança que atende a seleção. A FFF (Federação Francesa de Futebol) optou por não comentar detalhadamente a investigação em curso, mas fez questão de ressaltar a qualidade e a competência dos serviços prestados pela equipe policial disponibilizada pelo Ministério do Interior.
A FFF declarou: “Desejamos destacar a alta qualidade dos serviços e o profissionalismo da equipe de policiais”. Contudo, a pressão aumenta à medida que mais informações sobre a relação entre os policiais de choque e o jogador vêm à tona, levando à possibilidade de um inquérito administrativo pela Inspetoria-Geral da Polícia Nacional (IGPN) contra o agente de segurança envolvido, que foi relatado ao Ministério Público de Paris.
Um olhar para o futuro
O desfecho dessa história ainda é incerto, mas sem dúvida traz à tona questões sobre a ética envolvendo figuras públicas como Kylian Mbappé e os serviços de segurança que devem operar com excelência e transparência. Enquanto as investigações continuam, a sociedade se pergunta quais serão as repercussões não apenas para Mbappé, mas também para o sistema que envolve a segurança de personalidades e eventos de grande visibilidade.
A situação envolvendo Kylian Mbappé e a doação a policiais franceses sublinha, assim, a complexidade das práticas financeiras e as responsabilidades que vêm com a fama e a fortuna, além de questionar limites éticos e a necessidade de vigilância nas relações entre celebridades e serviços públicos. As repercussões desta decisão ainda serão debatidas, mas uma coisa é certa: a atenção do público permanece voltada para este caso intrigante.
