Na manhã de sexta-feira, 18 de julho, a França e o mundo católico perderam uma de suas figuras mais proeminentes: o cardeal André Vingt-Trois, que faleceu aos 82 anos. Ele foi um influente líder religioso e um importante defensor dos valores familiares durante seu tempo como presidente da Conferência Episcopal Francesa e arcebispo de Paris.
Um legado na Igreja Católica
O cardeal Vingt-Trois, que foi criado cardeal pelo Papa Bento XVI, desempenhou um papel crucial na Igreja como arcebispo de Paris de 2005 até 2017. Durante seu mandato, foi responsável por várias iniciativas e diálogos com líderes políticos, refletindo sua habilidade em unir a fé aos desafios contemporâneos. Uma missa de sufrágio foi celebrada na icônica Catedral de Notre-Dame em homenagem ao cardeal no mesmo dia de seu falecimento, simbolizando seu impacto duradouro sobre a comunidade católica.
O homem por trás do clericalismo
Nascido em 7 de novembro de 1942, em Paris, André Vingt-Trois se formou em Teologia e foi ordenado sacerdote em 1969. Tornou-se bispo auxiliar de Paris em 1988, sendo visto como um braço direito do cardeal Jean-Marie Lustiger. Com a morte de Lustiger, ele assumiu uma responsabilidade maior, promovendo a continuidade na liderança da diocese durante suas ausências frequentes.
Em 1999, Vingt-Trois foi nomeado arcebispo de Tours, onde permaneceu por seis anos, colocando ênfase na importância das peregrinações religiosas. Seu trabalho neste campo culminou com o reconhecimento oficial das peregrinações a Île-Bouchard, um local de aparições marianas que atraiu muitos fiéis.
Desafios de saúde e afastamento
Em março de 2017, o cardeal Vingt-Trois enfrentou um novo desafio: a síndrome de Guillain-Barré, que limitou significativamente suas atividades. Logo após completar 75 anos, informou ao Papa Francisco sobre sua intenção de se afastar do cargo de arcebispo de Paris, um passo considerado com grande respeito devido ao seu estado de saúde.
Homenagens e recordações
Após sua morte, Dom Laurent Ulrich, atual arcebispo de Paris, prestou homenagem ao cardeal, descrevendo-o como um “pastor, pai, exemplo e amigo”. A Catedral de Notre-Dame, em Paris, posteriormente tocou seus sinos para marcar o falecimento do arcebispo emérito, uma tradição que homenageia aqueles que serviram à Igreja numa alta capacidade. Cada badalada simbolizava um dos 82 anos de vida dedicados ao ministério e à comunidade.
Contribuições para o diálogo inter-religioso
Uma parte significativa do trabalho do cardeal Vingt-Trois também se concentrou no diálogo e na colaboração com as Igrejas Orientais. Em 2009, Bento XVI o designou como seu enviado especial ao Líbano durante o Ano Paulino, um papel que o colocou em contato com líderes de várias denominações religiosas. Durante sua presidência da Conferência Episcopal, ele trabalhou de perto com o Papa em questões relacionadas ao Oriente Médio, promovendo a solidariedade da Igreja Católica com as comunidades cristãs que enfrentam desafios nesta região.
A Œuvre d’Orient, uma instituição que se dedica a apoiar as Igrejas do Oriente, destacou a sabedoria e o tato diplomático de Vingt-Trois, reconhecendo o impacto positivo que ele teve nas vidas dos cristãos orientais e dos parisienses ao longo de sua carreira. Sua habilidade em equilibrar o diálogo inter-religioso com a defesa dos valores da Igreja é um legado que perdurará por muitas gerações.
Em um tempo em que a sociedade enfrenta desafios crescentes em relação à moral e valores familiares, o trabalho e a visão do cardeal Vingt-Trois permanecem como um testemunho de fé e dedicação à missão da Igreja. A sua partida deixa uma lacuna significativa, mas suas contribuições seguirão sendo uma fonte de inspiração para muitos.
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