De Detroit a Los Angeles, líderes religiosos católicos estão promovendo manifestações e ações de solidariedade com imigrantes ameaçados por deportação, em resposta ao aumento da fiscalização e às políticas migratórias nos EUA. Essas iniciativas incluem cartas direcionadas ao ICE, marchas pacíficas e dispensações de missas para quem teme ser detido, destacando a preocupação da Igreja com os direitos humanos e a dignidade dos migrantes.
Ações católicas de apoio aos imigrantes nos Estados Unidos
Detroit: carta ao ICE e marchas de oração
Na cidade de Detroit, o padre David Buersmeyer, representante do gabinete do arcebispo local, entregou uma carta ao escritório do ICE na tentativa de dialogar sobre as crescentes tensões e ações confrontadoras por parte das autoridades de imigração. “Temos observado o aumento de atitudes confrontatórias por parte do ICE, o que gera medo e caos entre as comunidades migrantes”, afirmou Buersmeyer à CNA. O documento exige maior transparência na identificação dos agentes e a proibição do uso de máscaras durante as ações, além de criticar a separação de famílias durante as detenções.
O arcebispo Edward Weisenburger também participou de uma marcha de oração, que partiu da Igreja da Santíssima Trindade — símbolo tradicional de acolhida aos migrantes — e seguiu até o escritório do ICE. A iniciativa contou com a participação de centenas de fiéis, incluindo padres, religiosas, líderes protestantes e judeus. O comitê entregou a carta a congressistas, que comprometeram-se a encaminhá-la às autoridades federais.
Los Angeles: busca por paz e assistência espiritual
No oeste do país, o padre Brendan Busse, da paróquia Dolores Mission, destacou o impacto emocional e espiritual enfrentado pelos imigrantes na sua comunidade. “Estamos recebendo muitas ligações de famílias que se sentem inseguras para frequentar a igreja”, relatou à EWTN News. Busse participou de uma procissão pacífica, que reuniu fiéis em oração para pedir paz e justiça às autoridades migratórias. O próprio arcebispo José Gomez também apoiou as ações em Los Angeles, reiterando o compromisso da Igreja com a reforma imigratória e o cuidado pastoral.
Desafios na Diocese de San Bernardino e preocupações em Florida
Na Diocese de San Bernardino, o arcebispo Albert deverte dispensar missas para quem tem receio de ações do ICE, após registros de detenções em propriedades paroquiais. Segundo o porta-voz da diocese, John Andrews, agentes do ICE chegaram a prender um trabalhador durante uma atividade de jardinagem na igreja de Montclair, levando-o para uma penitenciária no Texas. Essas ações têm causado apreensão entre fiéis e líderes religiosos.
Na Flórida, o debate se intensifica em torno da instalação conhecida como “Alligator Alcatraz”, uma prisão para imigrantes situada em uma área remota do Everglades, cercada por crocodilos e outros animais selvagens. Bispo Frank Dewane criticou o uso do perigo dos animais como forma de intimidar, enquanto o arcebispo Wenski manifestou preocupação com as condições de saúde e bem-estar dos detidos, ressaltando a falta de acesso a assistência pastoral e a necessidade de padrões mínimos de cuidado.
Reações do governo e o papel do diálogo
Embora enfrentando resistência em várias ações, representantes da Igreja e comunitários reforçam a importância do diálogo com as autoridades de imigração, buscando promover ações mais humanas e justas. Recentemente, deputados federais democratas apresentaram um projeto de lei para exigir maior identificação dos agentes do ICE, procurando reduzir abusos e aumentar a transparência. Entretanto, o Departamento de Segurança Interna reportou um aumento de 830% em agressões contra agentes do ICE e expressou preocupação com a retórica agressiva na mídia.
Para o padre Buersmeyer, o momento é de viver a solidariedade e o ensinamento social da Igreja. “Queremos testemunharpublicamente nosso apoio às comunidades migrantes e promover um debate sobre políticas mais humanas e menos baseadas em ações arbitrárias”, afirmou. Apesar de não ter recebido a carta de volta da agência, o sacerdote mantém a esperança de que o diálogo possa evoluir para ações mais justas e compassivas.
Essas manifestações refletem a preocupação de comunidades religiosas com os direitos dos imigrantes e a busca por uma política migratória que respeite a dignidade humana, promovendo a paz e a solidariedade em tempos de tensões e incertezas.