Nesta terça-feira (13), a Polícia Civil da Bahia anunciou a prisão de Uillian da Silva Guimarães, um dos principais suspeitos de fundar uma facção criminosa que atua no tráfico de drogas em Caraíva, distrito de Porto Seguro, na Bahia. Uillian, que foi detido em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é apontado como líder da organização criminosa de Alongado, um homem que foi morto durante uma operação policial no último sábado (10).
Operação policial e a morte de Alongado
A operação que culminou na morte de Alongado teve como objetivo cumprir um mandado de prisão contra ele. Durante a ação, além do chefe da facção, um guia de turismo, conhecido como Victor Cerqueira Santos Santana, também foi baleado e não resistiu aos ferimentos. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) alegou que Victor tinha ligações com o tráfico e atuava como segurança de traficantes, algo que é contestado pela família do jovem de 30 anos.
Victor Cerqueira, que era chamado de Vitinho, saiu de sua pousada para buscar um grupo de turistas quando se deparou com a operação. Segundo a família, ele estava apenas tentando proteger os turistas e, depois de perceber a ação policial, entrou em um comércio para se abrigar. No entanto, quando saiu, foi abordado e preso pelos policiais.
Confusão e protestos
A família de Victor questiona a versão da SSP-BA, alegando que seu filho foi confundido com outro homem conhecido na região como João Vitor, também chamado de Vitinho, que possui antecedentes criminais e está foragido. A mãe de Victor, Luzia Cerqueira, relatou que seu filho foi algemado e torturado, afirmando que ele “pegou um menino inocente”.
Após a morte de Victor, moradores de Caraíva se mobilizaram em protestos, clamando por justiça e questionando as ações da polícia durante a operação, que envolveu tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Federal. Relatos de que as câmeras de segurança da travessia do rio Caraíva estavam desligadas antes da ação e que agentes teriam apreendido imagens de estabelecimentos próximos também alimentaram as suspeitas de ocultação de provas.
A prisão de Uillian da Silva Guimarães
De acordo com informações da SSP-BA, Uillian da Silva Guimarães ocupava a carta Dama de Ouros do Baralho do Crime, uma lista que identifica os criminosos mais procurados da Bahia. Ele tem um longo histórico criminal e fugiu do Presídio de Eunápolis em dezembro de 2023, possuindo três mandados de prisão em aberto por homicídio, roubo e por ser um dos responsáveis pelo tráfico de drogas na área.
As investigações que levaram à sua prisão foram realizadas em conjunto pelos setores de Inteligência da Bahia e de Minas Gerais. As autoridades afirmam que, a partir de Belo Horizonte, Uillian continuava a exercer seus atos criminosos, organizando homicídios, tráfico de armas e distribuição de drogas e munições.
Resposta da SSP-BA e próximos passos
Após o ocorrido, a SSP-BA e a Polícia Federal foram questionadas sobre a morte de Victor e a possível confusão entre os nomes mencionados. A SSP respondeu que a situação estava sendo investigada pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar, mas não comentou sobre a alegação de confusão de identidade. A família exigiu uma investigação independente e transparente sobre as circunstâncias que levaram à morte de Victor Cerqueira.
Com uma comunidade abalada pela tragédia e protestos eclodindo em Caraíva, muitos aguardam por respostas e justicia, enquanto se levantam questões sobre a atuação policial em operações que terminam em tragédias.
A complexidade do caso não apenas revela os desafios da segurança pública na Bahia, mas também as consequências das operações voltadas ao combate ao tráfico de drogas e o impacto sobre a vida de inocentes.
À medida que a investigação avança, resta saber se a verdade será revelada e se a confiança entre a comunidade e as forças de segurança poderá ser reconstruída.
