De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do café moído no Brasil aumentou 80,2% nos últimos doze meses, o que representa a maior inflação acumulada para este produto desde a introdução do Real, em 1994. A elevada alta foi divulgada na última sexta-feira (9) e tem raízes em diversos fatores climáticos e econômicos que afetam a produção global de café.
Um panorama preocupante para o café
O aumento de 80,2% é um claro reflexo dos desafios que a cultura do café enfrenta, resultado principalmente de eventos climáticos severos que afetaram a produção. O aumento de preços não é um fenômeno isolado; fatores externos como a alta de custos logísticos e o aumento do consumo mundial asseguraram que o café se tornasse cada vez mais precioso.
O último AVC de 4,48% no valor do café moído em abril mostra uma desaceleração quando comparado aos meses anteriores, onde em março a alta foi de 8,14% e, em fevereiro, 10,77%. Este último número marcando a maior subida mensal em 26 anos, impressiona e acende o alerta para produtores e consumidores.
Causas da alta no preço do café
O gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, comenta que a continuação da alta dos preços é um reflexo de uma tendência internacional e que a valorização do dólar contribui significativamente para essa situação. Além disso, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já havia previsto em fevereiro que os preços continuariam subindo, uma vez que a indústria ainda não havia repassado todos os custos da compra do grão.
Os impactos do clima na produção
As condições climáticas têm sido determinantes para a produção do café. Em 2022, episódios de calor extremo e seca severa causaram estresse nas plantações, levando muitas delas a abortar frutos como uma forma de sobrevivência. Esses fenômenos têm sido comuns há pelo menos quatro anos, e atualmente, a indústria de café já enfrenta um aumento de 224% nos custos de matéria-prima.
A situação global também não colabora. Países como Vietnã, que é um grande produtor, enfrentaram problemas climáticos semelhantes, resultando em uma queda significativa da oferta. A guerra no Oriente Médio encarece o custo de logística, impactando diretamente na exportação e fazendo com que o preço do café suba tanto no Brasil quanto no exterior.
Aumento do consumo e novas oportunidades
Outro fator relevante que merece destaque é o aumento do consumo de café. O Brasil, que é o maior produtor e exportador mundial do grão, vê a demanda crescer não apenas localmente, mas também internacionalmente. A China, por exemplo, emergiu como um novo mercado significativo para o café brasileiro, saltando da 20ª para a 6ª posição no ranking dos importadores do produto.
Essa maior demanda interna e internacional eleva a pressão sobre os preços, que continuam a crescer sem uma perspectiva clara de estabilização. Os produtores têm registrado lucros elevados, com alguns relatando aumentos de até 150% nas suas margens de lucro devido à alta dos preços do grão. No entanto, a grande questão ainda permanece: até quando esses preços continuarão a subir e quais serão os impactos para o consumidor final?
As perspectivas futuras para o mercado de café
Com a alta dos preços, o cenário para o curioso consumidor brasileiro e para os amantes de café se torna incerto. Medidas de adaptação à nova realidade, como o cultivo da planta sob sombra de árvores, podem ser uma solução para mitigar os impactos das altas temperaturas, além de práticas sustentáveis que preservem as plantações existentes.
O que resta a fazer é observar o mercado e estar preparado para as possíveis mudanças. A bebida que é um símbolo da cultura brasileira pode, em breve, se tornar um verdadeiro luxo se as condições atuais persistirem.
Enquanto a situação se desenrola, tanto consumidores quanto produtores precisam encontrar formas de se adaptar a esta nova realidade imposta pela inflação e pelas condições climáticas, que de maneira significativa afetam a economia do café no Brasil.
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