A Prefeitura de Teresina anunciou, nesta semana, a abertura de uma auditoria rigorosa nos contratos de limpeza urbana da capital. Em dezembro do ano passado, o vice-prefeito e secretário de Governo, Jeová Alencar, ao destacar o compromisso da atual gestão com a transparência e o bom uso dos recursos públicos, alertou para o que chamou de uma “falta de transparência total” durante a transição.
Agora, surgem denúncias da equipe do atual prefeito Silvio Mendes(UB) que apontam para possíveis irregularidades milionárias durante a administração anterior, comandada pelo ex-prefeito Dr. Pessoa envolvendo uma das áreas mais sensíveis e suscetíveis à corrupção: o lixo.
As suspeitas incluem repasses mensais de mais de R$ 2 milhões em propina, pagos em espécie a integrantes da antiga gestão, em um esquema que, segundo uma fonte, seria “um dos maiores já vistos no país” no setor de limpeza pública.
Irregularidades incluem pagamento a trabalhadores fantasmas e salários atrasados
Segundo o prefeito Silvio Mendes, foram identificadas situações graves nos contratos vigentes, como o pagamento de salários a aproximadamente mil garis que não estariam cumprindo suas funções. Em contrapartida, também foram constatados casos de trabalhadores ativos que não receberam seus vencimentos ao fim da última gestão.
As denúncias já foram encaminhadas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Ministério Público do Piauí, que deverão acompanhar o processo de auditoria e atuar nas medidas legais cabíveis.
“Estamos respeitando os contratos em vigor, mas não aceitaremos vícios ou ilegalidades. Quem errou, vai responder”, afirmou um secretário da Prefeitura.
O secretário também mencionou que existem dúvidas sobre a capacidade técnica da empresa atualmente responsável pela limpeza urbana da cidade.
Além da susposta fraude na constratação de garis fantasmas, que represetaria mais de R$ 5 milhões mensais de prejuízos aos cofres públicos, a gestão Silvio Mendes denunciou que a balança de pesagem do lixo no aterro sanitário não funcionava, tornado questionável todos os pagamentos feitos baseados na quantidade de lixo recolhida.
Bastidores apontariam esquema estruturado e atuação de pessoas próximas ao ex-prefeito
De acordo com informações obtidas por uma fonte ligada à antiga gestão, o esquema de propina era altamente organizado e envolvia múltiplas secretarias da prefeitura. Os valores, pagos em dinheiro vivo, seriam distribuídos conforme uma estrutura hierárquica interna.
O prefeito mesmo não sabia quanto era. Fingia não saber que tudo acontecia, mas delegou uma pessoa de sua confiança para cuidar desses assuntos. Na verdade, quem cuidava de tudo era uma mulher que dizia ser de sua confiança. Ela se reunia com dois secretários e um ex-integrante da gestão, que operava tudo nos bastidores. Por trás dela, haviam outras pessoas. Pode-se dizer que a covardia fez homens se protegerem do sol escondidos atrás dessa mulher”, afirmou a fonte, que pediu sigilo.
Um parente próximo do ex-prefeito teria articulado a mudança da empresa de limpeza, sem aparecer publicamente no processo. Segundo o relato, a informação repassada a Dr. Pessoa era de que “estava tudo bem e o serviço sendo bem feito”, encobrindo o que seria um dos maiores escândalos administrativos da capital.
Auditoria visa restaurar confiança e garantir eficiência nos serviços públicos
A prefeitura reforça que a auditoria tem como objetivo restabelecer a confiança da população nos serviços de limpeza urbana, corrigindo distorções e punindo eventuais responsáveis. Para isso, um relatório completo está sendo elaborado e será entregue aos órgãos de controle.
A análise inclui desde a revisão de contratos, folha de pagamento, cumprimento de carga horária até o mapeamento da prestação real dos serviços. O governo municipal não descarta realizar novas licitações ou até romper com empresas envolvidas, caso se confirmem as irregularidades.
Possível atuação da Polícia Federal
Diante da gravidade das acusações, que envolvem suspeitas de crimes ambientais, suposta corrupção ativa e passiva e possível participação de empresas de fora do estado, existe a expectativa de que a Polícia Federal seja acionada para investigar o caso.
A movimentação visa garantir que todas as esferas de fiscalização — municipal, estadual e federal — acompanhem o desdobramento do caso, que pode ganhar repercussão nacional.
