Ex-governador Cláudio Lembo faleceu na madrugada de quarta-feira, 19 de março, aos 90 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. Desde cedo, amigos e familiares se reúnem para prestar homenagens. O velório será realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), das 10h30 às 15h, e o enterro acontecerá no Cemitério do Araçá. Lembo deixa a esposa, Renea Lembo, o filho José Antônio e quatro netos: Carolina, Cristiana, Isabella e Lucas.
A trajetória política de Claudio Lembo
Cláudio Lembo ocupou o cargo de governador de São Paulo entre março de 2006 e 1º de janeiro de 2007, um período no qual assumiu após a saída do então governador Geraldo Alckmin, que deixou o cargo para concorrer à presidência da República. Antes de se tornar governador, Lembo foi vice-governador por três anos. Sua trajetória política avançou rapidamente, mas não sem desafios significativos.
Desafios enfrentados durante a gestão
Durante sua breve gestão, Lembo teve que lidar com uma das crises mais sérias da história do estado: uma série de ataques perpetrados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Os ataques, que ocorreram em represália à transferência de 765 presos, paralisaram a capital e outras cidades por dias. Delegacias e batalhões foram atacados, resultando na morte de mais de 50 policiais. Os estudos indicam que cerca de 500 civis também perderam a vida em decorrência dessa onda de violência, com muitos assassinatos acontecendo fora de operação policial.
Acordos controversos
Apesar da pressão, Lembo foi apontado por alguns críticos como alguém que supostamente fez um acordo com a facção criminosa para cessar os ataques, o que o ex-governador sempre negou. O fim desses ataques aconteceu após uma reunião entre a cúpula do governo e uma advogada, o que levanta questões sobre a eficácia das ações governamentais à época.
Legado político do ex-governador Cláudio Lembo
Antes de assumir o posto de governador, Lembo teve uma carreira política robusta. Ocupou diversos cargos na administração pública, incluindo secretários nas prefeituras de São Paulo durante as gestões de Olavo Setúbal, Jânio Quadros e Paulo Maluf. Sua primeira tentativa de se eleger para um cargo majoritário foi em 1978, quando concorria ao Senado, mas não obteve sucesso.
Lembo sempre esteve associado a partidos da direita, começando sua carreira na Arena, passando pelo MDB e, finalmente, estabelecendo-se no PFL, atual PSD. Ele se formou em Ciências Sociais e Direito e exerceu funções de professor e reitor na Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Além de sua atuação acadêmica, trabalhou como consultor em instituições financeiras e integrou o conselho da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Luto oficial
A contribuição de Cláudio Lembo para a política paulista e brasileira será lembrada. O governo de São Paulo lamentou sua morte e decretou luto oficial de três dias. Em nota, o governador Tarcísio de Freitas expressou seus sentimentos aos familiares e amigos de Lembo, reconhecendo o impacto de sua trajetória política e legado.
Embora sua gestão tenha sido marcada por crises e controvérsias, Claudio Lembo continuará a ser um nome relevante na história política de São Paulo. Seu compromisso e suas ações foram fundamentais em épocas de grandes desafios, refletindo a complexidade do cenário político brasileiro.
Breve Biografia ex-governador Cláudio Lembo
Além de sua trajetória política e acadêmica, o ex-governador Cláudio Lembo também teve grande influência no debate público brasileiro. Conhecido por seu perfil intelectual e independência política, ele se destacou por suas análises críticas sobre o cenário nacional, muitas vezes adotando uma postura moderada e realista diante de temas polêmicos. Durante sua curta gestão como governador de São Paulo, enfrentou desafios como a onda de ataques promovida pelo crime organizado em 2006, ocasião em que adotou um discurso firme sobre segurança pública.
Mesmo após deixar a vida pública, Lembo continuou ativo na mídia e na educação, concedendo entrevistas e publicando artigos sobre direito, política e sociedade. Seu legado inclui não apenas sua atuação no governo, mas também sua contribuição para a formação de novos juristas e gestores públicos no Brasil. Seu falecimento marca o fim de uma era para a política paulista, e diversas lideranças expressaram respeito e reconhecimento por sua trajetória de dedicação ao serviço público.
