Teresina, 4 de fevereiro de 2025
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Tarifas de Trump ameaçam inflação no Brasil e ampliam incertezas econômicas

O agravamento da guerra comercial traz desafios adicionais para o Brasil, que já lida com dificuldades fiscais e incertezas políticas.
Lula faz ministério sobre reforma ministeral, mas elogia Gleisi. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos do Canadá, México e China reacenderam alertas na economia brasileira, com analistas apontando riscos de inflação cambial e um cenário desafiador para o Banco Central do Brasil. A medida, vista como um passo rumo a uma guerra comercial global, pode impactar diretamente a taxa de câmbio e a condução da política monetária no país.

Embora o Banco Central tenha reconhecido recentemente que os riscos inflacionários estão em alta, também mencionou a possibilidade de choques no comércio internacional que poderiam amenizar as pressões de preços para economias emergentes. No entanto, para ex-diretores da autoridade monetária brasileira, a nova rodada de tarifas anunciadas por Trump torna esse argumento ainda mais frágil.

Inflação e desvalorização cambial

Dois ex-diretores do Banco Central, que preferiram não se identificar, alertam que o ambiente externo se tornou significativamente mais adverso para o Brasil. Um deles destaca que a escalada protecionista dos EUA não apenas amplia a inflação, mas também cria o risco de que o próprio Brasil se torne alvo de medidas semelhantes, o que levaria a uma depreciação ainda maior do real.

“O cenário é claramente inflacionário para o Brasil e traz o risco de novas tarifas contra o país, ampliando a desvalorização cambial. Com isso, os preços internos podem ser ainda mais pressionados, dificultando o trabalho do Banco Central na condução da política monetária”, disse um dos ex-dirigentes.

O real, que já acumulou uma desvalorização superior a 20% no ano passado, tem sido um dos principais fatores de pressão inflacionária no país. Na segunda-feira, a moeda brasileira até ensaiou uma recuperação com a notícia de que Trump suspenderia temporariamente as tarifas contra o México, mas logo voltou a perder força diante da incerteza global.

O impacto global e a política monetária

Para um terceiro ex-diretor do Banco Central, as tarifas impostas pelo governo Trump podem desencadear uma crise econômica global, trazendo efeitos deflacionários em alguns mercados e tornando o ambiente financeiro ainda mais volátil. Ele avalia que, se as tensões comerciais continuarem a crescer, os bancos centrais ao redor do mundo podem ser forçados a rever suas estratégias de política monetária.

O consultor econômico Márcio Estrela, ex-funcionário do Banco Central, reforça a preocupação e diz que a retórica protecionista dos EUA enfraquece a tese de um alívio inflacionário nos mercados emergentes. “Se as tarifas forem totalmente implementadas, elas terão um efeito inflacionário nos EUA, reduzindo a probabilidade de um corte de juros pelo Federal Reserve. Isso afetaria diretamente o Brasil, tornando o real ainda mais vulnerável”, explicou.

O Banco Central do Brasil não quis comentar o impacto das tarifas na economia nacional. A ata da última reunião de política monetária, que pode fornecer mais pistas sobre o posicionamento da instituição diante do cenário global, será divulgada na terça-feira.

Perspectivas para o Brasil

O agravamento da guerra comercial traz desafios adicionais para o Brasil, que já lida com dificuldades fiscais e incertezas políticas. Com a possibilidade de o Federal Reserve manter sua taxa de juros elevada, o país pode enfrentar dificuldades para atrair capital estrangeiro, o que reforçaria a pressão sobre o câmbio e, consequentemente, sobre a inflação.

Diante desse cenário, especialistas alertam que a política monetária brasileira pode precisar ser ainda mais restritiva para conter os efeitos colaterais da volatilidade global. O mercado agora aguarda os próximos passos do Banco Central e os desdobramentos das negociações entre EUA e seus parceiros comerciais para avaliar os impactos de longo prazo da política tarifária de Trump.

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