Teresina, 30 de janeiro de 2025
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Deepfakes são usados em campanha russa contra refugiados ucranianos

Investigadores descobriram o uso de deepfakes criados com inteligência artificial (IA) como parte de uma campanha de desinformação russa. Foto: VOA

Investigadores descobriram o uso de deepfakes criados com inteligência artificial (IA) como parte de uma campanha de desinformação russa, direcionada a refugiados ucranianos e jornalistas ocidentais. Segundo a Voz da América, a operação, chamada Matryoshka, utiliza vídeos manipulados para retratar os refugiados como ingratos e gananciosos, além de distorcer reportagens reais da mídia internacional.

Deepfakes miram refugiados

Em um dos vídeos investigados, uma adolescente refugiada ucraniana é falsamente retratada em uma suposta reportagem, onde, com sua voz replicada por IA, faz comentários ofensivos e estereotipados sobre afro-americanos e escolas públicas nos Estados Unidos. O conteúdo manipulado contrasta fortemente com a filmagem original da jovem, cuja declaração genuína foi alterada.

Outro vídeo mostra uma mulher ucraniana agradecendo a ajuda recebida na Dinamarca, antes de a narração ser substituída por reclamações sobre viver em apartamentos pequenos e usar roupas doadas. Ambos os vídeos foram criados com trechos reais de reportagens, mas manipulados com tecnologia de IA para alterar as falas das vítimas.

Alvo recorrente de campanhas de desinformação

Especialistas afirmam que a Rússia frequentemente direciona campanhas de desinformação contra refugiados. Segundo Roman Osadchuk, do Laboratório de Pesquisa Forense Digital do Atlantic Council, estratégias semelhantes foram usadas após o ataque russo à estação ferroviária de Kramatorsk em 2022, quando um vídeo falso da BBC culpou os ucranianos pelo ocorrido.

“Os refugiados são alvos populares para campanhas de desinformação russas, visando tanto comunidades anfitriãs quanto a própria Ucrânia, gerando divisão entre os que permanecem no país e os que o deixaram”, disse Osadchuk à VOA.

Deepfakes contra jornalistas

Além de refugiados, jornalistas ocidentais também têm sido alvo da campanha Matryoshka. Vídeos falsificados utilizam deepfakes de vozes de profissionais como Eliot Higgins, do Bellingcat, e Shayan Sardarizadeh, da BBC, para disseminar desinformação. Em um dos vídeos, Higgins parece afirmar que a Ucrânia está em colapso, enquanto Sardarizadeh supostamente alega que a Ucrânia cria notícias falsas para culpar a Rússia.

Higgins confirmou à VOA que os vídeos são deepfakes e que o objetivo parece ser engajar verificadores de fatos, aumentando a audiência da desinformação. Já Sardarizadeh não respondeu a pedidos de comentários.

Impacto real dos vídeos manipulados

Com o avanço da inteligência artificial, deepfakes se tornaram uma ferramenta poderosa em campanhas de desinformação. Enquanto a maioria dos deepfakes conhecidos é usada para fins sexuais não consensuais, esses exemplos mostram seu impacto em narrativas políticas e sociais. A manipulação de imagens e vozes gera danos reais às vítimas, agravando tensões em cenários de conflito.

Especialistas alertam que a sofisticação dessas tecnologias pode dificultar a distinção entre conteúdos reais e manipulados, representando um desafio crescente para verificadores de fatos e para a integridade da informação global.

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