Teresina, 3 de novembro de 2024
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Piauí perde terreno na atração de investimentos em comparação com Ceará e Maranhão

Piauí enfrenta desafios significativos na atração de investimentos, especialmente diante de seus vizinhos Ceará e Maranhão. Apesar dos esforços empreendidos pelo governador Rafael Fonteles, como viagens internacionais e a criação da InvestPiauí, os resultados permanecem limitados. Enquanto o Ceará se destaca com um projeto de hidrogênio verde de grande escala, Piauí enfrenta dificuldades para diversificar sua base industrial e atrair projetos de maior valor agregado. A disparidade nos indicadores levanta questionamentos sobre a eficácia das políticas públicas vigentes e a necessidade de uma estratégia mais robusta para fomentar a economia local. Explore mais sobre essa dinâmica regional e suas implicações.

Apesar dos esforços do governador do Piauí Rafael Fonteles para atrair indústrias, o estado continua atrás de seus vizinhos Ceará e Maranhão na disputa por investimentos de grande porte. Nos últimos anos, Fonteles realizou diversas viagens internacionais — incluindo recentes compromissos na China — e abriu escritórios em países como EUA, Portugal e Estônia para promover o estado. No entanto, os números mostram que o Piauí ainda enfrenta dificuldades significativas para competir com os estados vizinhos, especialmente na captação de projetos de alto valor agregado.

Enquanto o Piauí conseguiu aprovar a instalação de uma indústria de féculas e amidos vegetais na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, com um investimento de R$ 40 milhões, os resultados são modestos em comparação aos avanços no Ceará e Maranhão. O investimento piauiense representa menos de 0,23% dos R$ 17,5 bilhões que o Ceará conseguiu para seu projeto de hidrogênio verde, o maior do tipo no Brasil, o que evidencia a disparidade na atração de recursos e no impacto econômico entre os estados.

Infográfico mostra discrepância entre investimentos privados autorizados pela CZPE.
Infográfico mostra a disparidade de projetos nas ZPES dos estados do Piauí, Ceará e Maranhão

Piauí e Ceará são um contraste dos projetos: da mandioca ao Hidrogênio Verde

Enquanto o projeto no Piauí é voltado para a agroindústria, especificamente a produção de fécula de mandioca, o Ceará e o Maranhão avançam em setores mais inovadores e estratégicos. O Ceará, com seu projeto de hidrogênio verde, desponta na matriz energética sustentável, atraindo investimentos bilionários e a promessa de criar mais de 9.000 empregos diretos e indiretos. O Maranhão, por sua vez, também aposta em tecnologias renováveis, com investimentos focados na produção de combustíveis sustentáveis e a expectativa de gerar 2.300 empregos.

No Piauí, o impacto em termos de empregos é bem mais limitado. O projeto agroindustrial em Parnaíba deverá gerar apenas 40 empregos diretos e 500 indiretos, um número pequeno quando comparado aos milhares de postos previstos nos estados vizinhos. Essa disparidade questiona a eficácia das políticas públicas de atração de investimentos promovidas pelo governo piauiense e pela InvestPiauí, empresa criada por Rafael Fonteles para captar investidores.

Maranhão avança com investimentos em combustíveis renováveis

Em Brasília, querosene de aviação produzido no Maranhão abastece aviões da Azul em evento

O Maranhão também se destaca na atração de grandes investimentos, especialmente no setor de combustíveis renováveis. Recentemente, o estado conseguiu a aprovação de um projeto voltado à produção de combustíveis sustentáveis, que prevê um investimento significativo e a criação de 2.300 empregos diretos e indiretos. Assim como o Ceará, o Maranhão está alinhado às demandas globais por sustentabilidade e inovação, apostando em setores de alto valor agregado que prometem transformar a economia local e impulsionar o desenvolvimento regional de forma sustentável e competitiva.

A ZPE de Parnaíba: desafios de diversificação e inovação

A ZPE de Parnaíba, uma das apostas do governo do Piauí para impulsionar a economia local, enfrenta um desafio estrutural: a dependência do setor agroindustrial, de menor valor agregado. Embora a produção agrícola seja importante para a economia local, a falta de investimentos em setores de alta tecnologia limita o impacto transformador que uma ZPE pode ter no desenvolvimento econômico regional. Em contraste, os projetos de hidrogênio verde e combustíveis renováveis no Ceará e Maranhão estão em sintonia com as demandas globais por inovação, sustentabilidade e transição energética, o que atrai mais recursos e empregos qualificados.

A agroindústria, embora vital para o setor rural, não promove o mesmo nível de inovação tecnológica e geração de empregos qualificados que as indústrias de energia renovável. Para o Piauí, diversificar sua base industrial e explorar setores de maior valor agregado são passos essenciais para aumentar sua competitividade no cenário nacional.

As viagens internacionais de Rafael Fonteles e o retorno questionável

Rafael Fonteles tem buscado, através de viagens internacionais, inserir o Piauí no radar de grandes investidores globais. Em países como Inglaterra, Alemanha, Suécia, Espanha, Bélgica, Portugal, Estônia e China, o governador participou de eventos e promoveu o estado como um destino atrativo para negócios. No entanto, o retorno desses esforços, até o momento, não reflete a mesma magnitude dos investimentos captados pelos estados vizinhos.

Governador do Piauí, Rafael Fonteles, durante uma de suas viagens internacionais com o objetivo de atrair investimentos para o Piauí.

Embora os escritórios internacionais abertos pelo governo piauiense sejam uma tentativa válida de atrair investidores, a comparação com o Ceará, que tem conquistado grandes projetos na área de energia renovável, e com o Maranhão, que também avança em setores estratégicos, indica que o Piauí ainda está longe de alcançar um patamar similar.

A necessidade de políticas mais eficazes

A disparidade nos investimentos recebidos pelo Piauí em comparação aos vizinhos Ceará e Maranhão levanta uma questão crucial: como tornar o estado mais atraente para projetos de grande porte, especialmente em setores de alta tecnologia e inovação? Para competir de igual para igual, o Piauí precisaria reavaliar suas políticas de incentivos e diversificar sua estratégia, focando em áreas que gerem maior impacto econômico e social.

A criação da InvestPiauí e as iniciativas de Rafael Fonteles mostram uma disposição para mudar esse cenário, mas os números indicam que há muito a ser feito. Atrair investimentos bilionários e gerar milhares de empregos qualificados, como no caso do Ceará, exige uma política mais robusta e voltada para setores de inovação e tecnologia.

Enquanto o Piauí continuar focado em projetos de menor valor agregado, a comparação com os estados vizinhos continuará a evidenciar suas dificuldades em se posicionar como um destino atrativo para indústrias globais.

Memorandos de Entendimento: são garantias de investimento real?

As viagens internacionais realizadas pelo governador Rafael Fonteles e a atuação da InvestPiauí resultaram na assinatura de 23 Memorandos de Entendimento (MOU’s) sobre negócios relacionados a investimentos em Hidrogênio Verde.

Embora esses acordos sejam frutos do esforço de atração de investimentos, é importante entender que, na prática, um MOU não garante investimentos imediatos ou concretos. Memorandos de Entendimento são compromissos preliminares entre as partes, que expressam interesse mútuo em discutir e avançar em projetos conjuntos. No entanto, eles não têm caráter vinculativo, ou seja, não obrigam legalmente as empresas ou os governos a realizar o investimento prometido.

Os MOU’s funcionam como uma fase inicial de negociação, na qual investidores e o governo se comprometem a aprofundar estudos, viabilidades e condições para a concretização de um projeto. Portanto, embora sejam passos importantes no processo de atração de investimentos, esses memorandos não asseguram que o capital será efetivamente injetado no estado. Para que os MOU’s se transformem em investimentos reais, é necessário que as condições negociadas sejam favoráveis e que o ambiente econômico seja suficientemente estável para atrair os recursos, além de haver avanços nas áreas regulatória e fiscal.

A assinatura de 23 MOU’s mostra algum interesse internacional nas apresentações de Rafael Fonteles sobre o Piauí, mas a transformação dessas intenções em projetos concretos dependerá da capacidade do estado em manter o diálogo com investidores, oferecer incentivos competitivos e garantir a infraestrutura necessária para que os projetos sejam viáveis. Sem essas garantias, os memorandos podem permanecer apenas como promessas futuras, sem impacto econômico direto a curto ou médio prazo.

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