Maceió – Durante uma operação de grande envergadura realizada pela Polícia Federal (PF) em Alagoas, foi descoberto um cofre repleto de dinheiro vivo. A operação, que aconteceu nesta quinta-feira, está investigando um esquema de fraude em licitação e lavagem de dinheiro, envolvendo aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Luciano Ferreira Cavalcante, ex-assessor de gabinete de Lira e atualmente atuante na liderança do PP, e o empresário Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD), estão entre os envolvidos na operação da Polícia Federal.
O cofre lotado de dinheiro encontrado pela PF é um desdobramento desta ampla investigação.
Edmundo Catunda é coproprietário da Megalic, uma empresa implicada na investigação. Segundo apurado, a Megalic intermediou a compra de kits de robótica para 43 municípios alagoanos com recursos desviados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Essas ações fraudulentas teriam causado um prejuízo estimado de R$ 8,1 milhões aos cofres públicos.
Os crimes, que supostamente ocorreram entre 2019 e 2022, envolveram processos licitatórios e contratos relacionados ao fornecimento dos kits de robótica. A operação identificou a existência de direcionamento ilícito de contratações a uma única empresa fornecedora, através da inclusão de restrições técnicas nos editais que limitaram a participação de outras empresas no processo licitatório.
A PF trabalhou em parceria com a Controladoria Regional da União em Alagoas (CGU/AL). A força tarefa abrangeu quatro estados além do Distrito Federal. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Alagoas, Pernambuco, São Paulo e Goiás.
A investigação também destacou a descoberta de movimentações financeiras suspeitas realizadas pelos sócios da empresa fornecedora e outros envolvidos no esquema. Essas movimentações financeiras envolveram transferências de dinheiro para pessoas e empresas sem capacidade econômica e sem relação com o ramo de fornecimento de equipamentos de robótica, possivelmente indicando tentativas de ocultação e dissimulação de bens provenientes das atividades criminosas.
Conexão entre acusados e Arthur Lira
As investigações também revelaram conexões próximas entre os acusados e o vereador João Catunda, que concorreu a deputado federal na mesma chapa que Arthur Lira. Registros indicam que Edmundo Catunda, pai do vereador, esteve na Câmara dos Deputados 101 vezes em 2016, com 11 dessas visitas ao gabinete de Lira.
Estas descobertas, incluindo a notória revelação da PF que encontrou um cofre lotado de dinheiro, apontam para a dimensão do esquema criminoso. Mais revelações são esperadas nos próximos dias.